Atualizado em 09 de julho de 2025
Receita: Preparar iogurte SIBO com L. reuteri, L. gasseri e B. coagulans
Também adequado para pessoas com intolerância à lactose (veja as observações abaixo).
Ingredientes (para cerca de 1 litro de iogurte)
• 4 cápsulas de L. reuteri (5 × 10⁹ UCF cada)
• 1 cápsula de L. gasseri (1,2 × 10¹⁰ UCF)
• 2 cápsulas de B. coagulans (4 × 10⁹ UCF cada)
• 1 colher de sopa de inulina (alternativa: GOS ou XOS em caso de intolerância à frutose)
• 1 litro de leite integral orgânico (3,8 % de gordura), ultrapasteurizado e homogeneizado (ou leite UHT)
Quanto maior o teor de gordura, mais firme será o iogurte.
Observação sobre as cápsulas
Cada cápsula de L. reuteri contém no mínimo 5 × 10⁹ UCF (unidades formadoras de colônia). UCF indica quantos microrganismos viáveis existem no produto.
Escolha do leite e controle de temperatura
• Não use leite cru. Ele não é estável o suficiente para longos períodos de fermentação e não está estéril.
• Use preferencialmente leite UHT. É isento de microrganismos indesejados e pode ser usado diretamente.
• A temperatura do leite deve estar em torno de 20 °C (temperatura ambiente) ou, se preferir, aquecido em banho-maria até 37 °C.
Evite passar de 44 °C, pois as culturas probióticas podem ser danificadas ou destruídas.
Modo de preparo
- Abra as 7 cápsulas e despeje todo o pó em uma tigela pequena.
- Adicione 1 colher de sopa de inulina ao pó (ou GOS/XOS se for necessário). Isso serve como prebiótico para estimular o crescimento bacteriano.
- Acrescente 2 colheres de sopa de leite e misture bem até não restarem grumos.
- Incorpore o restante do leite, mexendo até ficar homogêneo.
- Transfira a mistura para um recipiente adequado para fermentação (por exemplo, um pote de vidro).
- Coloque na iogurteira, ajuste a temperatura para 41 °C e deixe fermentar por 36 horas.
Por que 36 horas?
L. reuteri duplica-se aproximadamente a cada 3 horas. Em 36 horas, ocorrem 12 ciclos de duplicação, garantindo alta concentração de probióticos no iogurte. A maturação prolongada também estabiliza os ácidos lácticos e torna as culturas mais resistentes.
Atenção!
A primeira leva muitas vezes não dá certo. Não descarte: use 2 colheres de sopa desse primeiro iogurte como “inóculo” para a próxima fermentação. Se ainda não funcionar, verifique a precisão da temperatura da sua iogurteira. Aparelhos com ajuste em graus exatos costumam ter maior sucesso já na primeira tentativa.
Dicas para melhores resultados
• A primeira leva tende a ficar mais líquida ou granulada. Repetindo o processo com 2 colheres de sopa do iogurte anterior, a consistência melhora a cada nova fermentação.
• Mais gordura no leite = iogurte mais cremoso.
• Conservação: o iogurte pronto dura até 9 dias refrigerado.
Como consumir
Deguste cerca de meia xícara (125 ml) por dia, preferencialmente no café da manhã ou como lanche. Assim, as bactérias têm mais chance de se estabelecer e beneficiar seu microbioma.
Preparação de iogurte com leite vegetal – uma alternativa com leite de coco
Quem, devido à intolerância à lactose, considera usar leites vegetais para preparar o iogurte SIBO deve saber que, na maioria dos casos, não é preciso. Durante a fermentação, as bactérias probióticas degradam a maior parte da lactose, tornando o iogurte frequentemente bem tolerado mesmo por intolerantes à lactose.
Quem, porém, por razões éticas (por exemplo, veganos) ou preocupações com hormônios presentes no leite animal prefere evitar produtos lácteos, pode recorrer a alternativas vegetais como o leite de coco. Preparar iogurte com leite vegetal é mais desafiador, pois falta a lactose, fonte de energia natural das bactérias.
Vantagens e desafios
Um ponto positivo dos leites vegetais é a ausência de hormônios comuns no leite de vaca. No entanto, muitas pessoas relatam que a fermentação com leite vegetal nem sempre funciona de forma confiável. O leite de coco, em especial, tende a se separar em fases aquosa e gordurosa, o que prejudica textura e sabor.
Receitas com gelatina ou pectina podem melhorar o resultado, mas ainda são imprevisíveis. Uma alternativa promissora é usar goma guar, que não só confere cremosidade, como também atua como fibra prebiótica para o microbioma.
Receita de iogurte de leite de coco com goma guar
Esta base permite fermentar com sucesso iogurte de coco usando a cultura de sua preferência, por exemplo L. reuteri ou 2 colheres de sopa de iogurte de uma leva anterior.
Ingredientes
1 lata (cerca de 400 ml) de leite de coco (sem aditivos como xantana ou gellan; goma guar está permitida)
1 colher de sopa de açúcar (sacarose)
1 colher de sopa de amido de batata cru
¾ de colher de chá de goma guar (não a forma parcialmente hidrolisada)
Cultura bacteriana de sua escolha (por exemplo, o pó de uma cápsula de L. reuteri com pelo menos 5 × 10⁹ UFC) ou 2 colheres de sopa de iogurte de uma leva anterior
Preparo
- Aquecimento
Aqueça o leite de coco em uma panela pequena em fogo médio até aproximadamente 82 °C (180 °F) e mantenha essa temperatura por 1 minuto. - Incorporação do amido
Misture o açúcar e o amido de batata no leite quente, mexendo bem. Em seguida, retire a panela do fogo. - Adição da goma guar
Espere cerca de 5 minutos para a mistura esfriar um pouco e, então, adicione a goma guar. Bata com um mixer de mão ou no liquidificador por pelo menos 1 minuto, até obter uma consistência homogênea e espessa, semelhante a creme de leite. - Resfriamento
Deixe a mistura esfriar até atingir a temperatura ambiente. - Inclusão da cultura bacteriana
Adicione cuidadosamente a cultura probiótica, mexendo suavemente (sem bater). - Fermentação
Transfira a mistura para um recipiente de vidro e deixe fermentar por 48 horas a cerca de 37 °C (99 °F).
Por que a goma guar?
A goma guar é uma fibra natural extraída da vagem de guar. É composta principalmente pelos monossacarídeos galactose e mannose (galactomanana) e atua como fibra prebiótica, sendo fermentada por bactérias intestinais benéficas – por exemplo, produzindo ácidos graxos de cadeia curta como butirato e propionato.
Vantagens da goma guar:
- Estabilização da base do iogurte: impede a separação de gordura e soro.
- Efeito prebiótico: estimula o crescimento de bactérias benéficas como Bifidobacterium, Ruminococcus e Clostridium butyricum.
- Melhora do equilíbrio do microbioma: auxilia pessoas com síndrome do intestino irritável ou fezes líquidas.
- Aumento da eficácia de antibióticos: estudos observaram taxa de sucesso 25 % maior no tratamento de SIBO (supercrescimento bacteriano do intestino delgado).
Importante: não utilize a forma parcialmente hidrolisada da goma guar – ela não forma gel e não é adequada para iogurtes.
Por que recomendamos 3–4 cápsulas por lote
Para a fermentação inicial com Limosilactobacillus reuteri, sugerimos usar de 3 a 4 cápsulas (15 a 20 bilhões de UFC) por lote.
Essa dosagem baseia-se nas recomendações do Dr. William Davis, que em seu livro Super Gut (2022) afirma que um mínimo de 5 bilhões de unidades formadoras de colônia é necessário para garantir fermentação bem-sucedida. Uma quantidade inicial maior, entre 15 e 20 bilhões de UFC, mostrou-se particularmente eficaz.
Contexto: L. reuteri duplica-se a cada 3 horas em condições ideais. Em 36 horas típicas de fermentação, ocorrem cerca de 12 duplicações, o que teoricamente amplifica muito até mesmo uma pequena inoculação.
Na prática, porém, uma alta dosagem inicial é recomendada por vários motivos:
- Aumenta a chance de o L. reuteri se estabelecer rapidamente e superar microrganismos indesejados.
- Garante queda de pH uniforme, estabilizando as condições de fermentação.
- Evita atrasos no início ou crescimento insuficiente caso a densidade inicial seja muito baixa.
Portanto, usamos 3–4 cápsulas para um começo confiável. Após a primeira fermentação bem-sucedida, esse iogurte pode servir de starter em até 20 repetições antes de ser aconselhável usar novos cultivos.
Reinício após 20 fermentações
Uma dúvida comum ao fermentar com Limosilactobacillus reuteri é: quantas vezes posso reutilizar o iogurte como starter antes de precisar de uma cultura fresca? No Super Gut (2022), o Dr. Davis recomenda não exceder 20 gerações (lotes) consecutivas.
Mas por que exatamente 20? O que ocorre ao recondicionar várias vezes?
O que acontece ao recondicionar?
Quando você utiliza um iogurte de L. reuteri como starter para o próximo lote, transfere bactérias vivas para um novo meio (leite ou alternativa vegetal). Isso é ecológico e econômico, e muito usado na prática. Contudo, com sucessivas repetições surge um problema biológico chamado deriva microbiana, no qual mutações e seleções acidentais podem reduzir a vitalidade ou alterar o perfil funcional da cultura original.
Deriva microbiana – como as culturas se transformam
Com cada transferência, a composição e as propriedades de uma cultura bacteriana podem mudar gradualmente. Os motivos incluem:
• Mutações espontâneas durante a divisão celular, especialmente em ambientes quentes com alta atividade
• Seleção de subpopulações específicas, por exemplo, bactérias de crescimento mais rápido substituindo as mais lentas
• Contaminação por microrganismos indesejados do ambiente, como esporos no ar ou flora da cozinha
• Adaptações relacionadas aos nutrientes, em que as bactérias “se acostumam” a certos tipos de leite e alteram seu metabolismo
O resultado é que, após várias gerações, não há garantia de que a mesma espécie bacteriana — ou ao menos a mesma variante fisiologicamente ativa — esteja presente no iogurte como no início.
Por que o Dr. Davis recomenda 20 gerações
O Dr. William Davis desenvolveu originalmente o método de iogurte com L. reuteri para que seus leitores pudessem aproveitar benefícios de saúde específicos (por exemplo, liberação de ocitocina, melhora do sono, melhoria da pele). Nesse contexto, ele afirma que um cultivo “funciona de maneira confiável por cerca de 20 gerações” antes de se usar uma nova cultura inicial de cápsula (Davis, 2022).
Isso não se baseia em testes laboratoriais sistemáticos, mas na experiência prática com fermentação e nos relatos de sua comunidade.
“Após cerca de 20 gerações de reutilização, seu iogurte pode perder potência ou deixar de fermentar de forma confiável. Nesse ponto, use novamente uma cápsula fresca como starter.”
— Super Gut, Dr. William Davis, 2022
Ele justifica esse número de forma pragmática: depois de cerca de 20 recondicionamentos, aumenta o risco de surgirem alterações indesejadas — por exemplo, consistência mais líquida, aroma modificado ou redução dos efeitos benéficos.
Existem estudos científicos a respeito?
Não existem estudos científicos específicos sobre iogurte de L. reuteri ao longo de 20 ciclos de fermentação. Porém, há pesquisas sobre a estabilidade de bactérias lácticas ao longo de várias passagens:
• Na microbiologia de alimentos, admite-se geralmente que alterações genéticas podem ocorrer após 5 a 30 gerações, dependendo da espécie, temperatura, meio de cultura e condições de higiene (Giraffa et al., 2008).
• Estudos de fermentação com Lactobacillus delbrueckii e Streptococcus thermophilus mostram que, entre 10 e 25 gerações, pode haver mudança no desempenho fermentativo, como menor acidez ou aroma diferente (O’Sullivan et al., 2002).
• No caso de Lactobacillus reuteri, sabe-se que suas propriedades probióticas variam bastante conforme subtipo, isolado e condições ambientais (Walter et al., 2011).
Esses dados sugerem que 20 gerações são um ponto de corte conservador e razoável para preservar a integridade da cultura — especialmente se o objetivo for manter efeitos como a indução de ocitocina.
Conclusão: 20 gerações como compromisso prático
Não é possível afirmar cientificamente se 20 é o “número mágico”. Mas:
• Descartar menos de 10 levas geralmente é desnecessário.
• Fazer mais de 30 levas aumenta o risco de mutações ou contaminação.
• 20 levas correspondem a cerca de 5–10 meses de uso (dependendo do consumo) — um período adequado para um reinício.
Recomendação para a prática:
Após, no máximo, 20 levas de iogurte, inicie um novo cultivo usando starter de cápsula fresca — especialmente se seu objetivo for usar L. reuteri como “espécie perdida” para apoiar seu microbioma.
Benefícios diários do iogurte SIBO
Benefício para a saúde |
Efeito do L. reuteri |
Fortalecimento do microbioma |
Apoia o equilíbrio da flora intestinal ao colonizar bactérias benéficas |
Melhora da digestão |
Favorece a quebra de nutrientes e a produção de ácidos graxos de cadeia curta |
Regulação do sistema imunológico |
Estimula células imunes, atua como anti-inflamatório e protege contra patógenos |
Estimulação da produção de ocitocina |
Pelo eixo intestino-cérebro, promove a liberação de ocitocina (vínculo e relaxamento) |
Aprofundamento do sono |
Melhora a qualidade do sono por efeitos hormonais e anti-inflamatórios |
Estabilização do humor |
Influencia a produção de neurotransmissores do humor, como serotonina |
Apoio ao ganho de massa muscular |
Estimula a liberação de hormônio do crescimento para regeneração e hipertrofia |
Auxílio na perda de peso |
Regula hormônios de saciedade, melhora o metabolismo e reduz gordura visceral |
Aumento do bem-estar |
Efeitos holísticos que promovem vitalidade geral em corpo, mente e metabolismo |
Reconstruir o microbioma com espécies perdidas – com iogurte de L. reuteri, L. gasseri e B. coagulans
O microbioma desempenha um papel central em nossa saúde. Ele influencia não apenas a digestão, mas também o sistema imunológico e o sistema nervoso entérico, que está intimamente conectado ao cérebro (Foster et al., 2017). Um desequilíbrio na colonização microbiana, especialmente no intestino delgado, pode levar a uma variedade de desconfortos.
O sistema nervoso entérico (SNE), frequentemente chamado de “cérebro abdominal”, é um sistema nervoso independente no trato digestivo. Ele consiste em mais de 100 milhões de neurônios distribuídos ao longo de toda a parede intestinal — mais que na medula espinhal. O SNE controla de forma autônoma muitos processos vitais: regula os movimentos intestinais (peristaltismo), a liberação de sucos digestivos, a circulação sanguínea na mucosa e até coordena partes da defesa imunológica no intestino (Furness, 2012).
Embora funcione de modo independente, esse “cérebro abdominal” está conectado ao cérebro por vias nervosas, principalmente pelo nervo vago. Essa conexão, conhecida como eixo intestino-cérebro, explica por que estresses psicológicos podem afetar a digestão e por que um microbioma desequilibrado impacta humor, sono e concentração (Cryan et al., 2019).
A SIBO (Small Intestinal Bacterial Overgrowth), ou supercrescimento bacteriano do intestino delgado, descreve a colonização excessiva ou inadequada de bactérias nesse segmento. Esses microrganismos prejudicam a absorção de nutrientes e causam sintomas como inchaço, dor abdominal, deficiências nutricionais e intolerâncias alimentares (Rezaie et al., 2020).
Um fator comum para SIBO é a motilidade intestinal lenta ou perturbada. Esse mecanismo, responsável por mover o bolo alimentar em ondas pelo trato digestivo, atua como um sistema de “autolimpeza” natural.
Quando a motilidade intestinal está comprometida, o trânsito do conteúdo do intestino delgado desacelera, permitindo que bactérias se acumulem e proliferem de forma excessiva, caracterizando a SIBO. Esse crescimento patológico de bactérias leva a desconfortos digestivos e inflamações (Rezaie et al., 2020).
Além disso, o uso repetido de antibióticos, o estresse crônico ou uma dieta pobre em fibras podem desequilibrar ainda mais o microbioma. O estresse, tanto agudo quanto prolongado, reduz a atividade intestinal. Em situações de tensão, o corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol, que afetam o sistema nervoso autônomo e desencadeiam uma resposta de “luta ou fuga”.
Isso reduz a motilidade intestinal, diminui o fluxo sanguíneo no trato digestivo e desacelera a digestão para economizar energia para a resposta de emergência. Essa inibição temporária da função intestinal favorece o acúmulo de bactérias no intestino delgado, aumentando o risco de SIBO (Konturek et al., 2011).
Uma estratégia direcionada para apoiar o equilíbrio microbiano no intestino delgado é preparar em casa um iogurte probiótico com cepas específicas. Entre elas, Limosilactobacillus reuteri, Lactobacillus gasseri e Bacillus coagulans se destacam por seu potencial em problemas relacionados à SIBO, incluindo a inibição de patógenos, a modulação do sistema imunológico e a proteção da mucosa intestinal (Savino et al., 2010; Park et al., 2018; Hun, 2009).
Neste capítulo, você aprenderá como elaborar o chamado iogurte SIBO de forma simples em casa. O passo a passo ensina a fermentar as três cepas selecionadas, resultando em um alimento probiótico que também é adequado para pessoas com intolerância à lactose.
Fortalecendo o microbioma – o papel das “espécies perdidas”
O microbioma humano está passando por uma transformação profunda. Nosso estilo de vida moderno — marcado por alimentos altamente processados, rígidos padrões de higiene, cesarianas, amamentação reduzida e uso frequente de antibióticos — fez com que certas espécies microbianas, que fizeram parte do nosso ecossistema interno por milênios, praticamente desaparecessem do intestino humano.
Esses microrganismos são chamados de “espécies perdidas”.
Estudos científicos indicam que a perda dessas espécies está associada ao aumento de problemas de saúde modernos, como alergias, doenças autoimunes, inflamações crônicas, distúrbios psiquiátricos e doenças metabólicas (Blaser, 2014).
Reconstruir o microbioma por meio da introdução direcionada de “espécies perdidas” abre novas possibilidades para a prevenção e o tratamento de diversas doenças da civilização. A reintrodução desses micróbios antigos — seja por probióticos específicos, alimentos fermentados ou até transplantes de microbiota fecal — mostra-se promissora para restaurar a diversidade microbiana e, assim, fortalecer a resistência do organismo.
Três cepas-chave para um forte suporte ao microbioma
O kit inicial inclui Limosilactobacillus reuteri, uma Lost Species claramente definida — uma espécie microbiana que, nos ecossistemas intestinais ocidentais modernos, costuma estar muito reduzida ou quase extinta.
Lactobacillus gasseri ainda ocorre, mas com menor frequência do que no passado, e é raro em muitos microbiomas ocidentais sem suplementação externa; porém, não é considerado uma Lost Species clássica.
Bacillus coagulans não é propriamente um micro-organismo intestinal, mas sim um formador de esporos originário do solo, que aparece ocasionalmente no intestino. Não se enquadra como Lost Species, mas é uma espécie rara adicionada ao preparo, com propriedades estabilizadoras especiais para o sistema digestivo.
Essa combinação reúne, portanto, uma Lost Species clássica com cepas raras — porém comprovadas — para oferecer um suporte direcionado e versátil ao seu microbioma.
Limosilactobacillus reuteri – um ator-chave para a saúde
O que é Limosilactobacillus reuteri?
Limosilactobacillus reuteri (antigamente Lactobacillus reuteri) é uma bactéria probiótica que fazia parte integrante do microbioma humano — especialmente em bebês amamentados e em culturas tradicionais. Em sociedades modernas e industrializadas, porém, ela se perdeu em grande parte, provavelmente devido a cesarianas, uso de antibióticos, higiene excessiva e dieta empobrecida (Blaser, 2014).
L. reuteri distingue-se por uma capacidade incomum: interage diretamente com o sistema imunológico, o equilíbrio hormonal e até o sistema nervoso central. Diversos estudos mostram que esse habitante do microbioma pode ter efeitos positivos na digestão, no sono, na regulação do estresse, no crescimento muscular e no bem-estar emocional.
Resumo das principais propriedades de Limosilactobacillus reuteri
• Promove um microbioma forte
• Estimula a produção de ocitocina via eixo intestino-cérebro
• Regula o sistema imunológico e exerce ação anti-inflamatória
• Aprofunda o sono
• Apoia a libido e a função sexual
• Favorece o ganho de massa muscular
• Auxilia na redução de gordura visceral
• Estabiliza o humor
• Melhora a textura da pele
• Aumenta o desempenho físico
Lactobacillus gasseri – um companheiro versátil para o intestino e o metabolismo
O que é Lactobacillus gasseri?
Lactobacillus gasseri é uma bactéria probiótica naturalmente presente no intestino humano, mas hoje menos comum em sociedades modernas e industrializadas do que no passado (Kleerebezem & Vaughan, 2009). Pertence ao grupo dos lactobacilos e desempenha papel fundamental na manutenção de uma flora intestinal saudável.
L. gasseri é conhecido por seus diversos efeitos positivos na digestão, no metabolismo e no sistema imunológico. Embora não seja considerada uma “espécie perdida” clássica, sua presença no intestino de muitas pessoas encontra-se bastante reduzida.
Por que L. gasseri é relevante?
Lactobacillus gasseri apoia a saúde de várias maneiras, especialmente no que diz respeito ao metabolismo, à função intestinal e à imunidade. Sua capacidade de reduzir o tecido adiposo e inibir inflamações o torna um probiótico valioso para quem apresenta sobrepeso ou disfunções metabólicas. Apesar de menos frequente hoje, L. gasseri é uma importante adição para um microbioma equilibrado.
Principais propriedades de Lactobacillus gasseri
• Suporta um microbioma intestinal equilibrado
• Estimula a produção de ácido lático, ajudando a regular o pH intestinal
• Auxilia na redução de gordura abdominal e visceral
• Favorece o metabolismo
• Contribui para a diminuição de processos inflamatórios
• Pode modular a resposta do sistema imunológico
• Promove a saúde digestiva
• Melhora o bem-estar geral
Bacillus coagulans – um aliado robusto para a saúde intestinal e o sistema imunológico
O que é Bacillus coagulans?
Bacillus coagulans é uma bactéria probiótica formadora de esporos, conhecida por sua grande resistência ao calor, à acidez e às condições de armazenamento (Elshaghabee et al., 2017). Ao contrário de muitos outros probióticos, B. coagulans sobrevive muito bem à passagem pelo estômago e se ativa no intestino. Graças a essas características, é frequentemente usado em suplementos alimentares e alimentos fermentados.
B. coagulans pode ser encontrado em alimentos tradicionais, como vegetais fermentados e certos produtos asiáticos, contribuindo de forma significativa para a estabilidade e a saúde do microbioma.
Bactérias formadoras de esporos – os “jardineiros” do microbioma
Probiôticos formadores de esporos, como B. coagulans, são chamados de “jardineiros” do intestino porque regulam ativamente o ecossistema microbiano e mantêm seu equilíbrio. Seu traço principal é a capacidade de formar endósporos: ao enfrentar condições adversas, eles se transformam em uma forma de resistência, o esporo.
O esporo não serve para reprodução, mas para sobrevivência. Nessa forma, o material genético é envolto por várias camadas protetoras, permitindo ao microrganismo resistir a temperaturas extremas, secura, radiação UV, álcool, falta de oxigênio e, especialmente, ao ácido estomacal.
Por causa dessa resistência, B. coagulans atravessa praticamente ileso o trato gastrointestinal. No intestino delgado, em condições ideais de umidade, temperatura e presença de sais biliares, os esporos germinam e se tornam ativos (Setlow, 2014; Elshaghabee et al., 2017).
Como diferem as bactérias não formadoras de esporos?
Espécies não formadoras de esporos, como Limosilactobacillus reuteri ou Bifidobacterium infantis, exercem papéis de comunicação neuroendócrina mais sofisticados. Elas produzem precursores de neurotransmissores — como triptofano (precursor da serotonina) e GABA (ácido gama-aminobutírico) — e, via receptores intestinais e nervo vago, estimulam a liberação de mensageiros centrais como serotonina e ocitocina. Dessa forma, influenciam humor, estresse, qualidade do sono e vínculos sociais (Buffington et al., 2016; O’Mahony et al., 2015).
As bactérias formadoras de esporos, por sua vez, atuam principalmente no ambiente local do intestino, promovendo o equilíbrio da flora e reforçando a barreira mucosal. Elas mantêm microrganismos patogênicos sob controle, mas têm influência direta limitada sobre funções corporais de nível superior ou sobre a comunicação intestino-cérebro (Elshaghabee et al., 2017; Mazanko et al., 2018).
Outras bactérias formadoras de esporos
Além de B. coagulans, destacam-se:
• Bacillus subtilis – “Microbe do Ano 2023”, presente no nattō, estabiliza o microbioma e produz enzimas
• Clostridium butyricum – gera butirato e possui ação anti-inflamatória
• Bacillus clausii – eficaz contra diarreia pós-antibióticos
• Bacillus indicus – sintetiza carotenóides antioxidantes
Essas espécies também resistem a condições adversas e regulam o sistema imunológico, a integridade da barreira intestinal e o equilíbrio microbiano (Cutting, 2011; Elshaghabee et al., 2017).
Por que Bacillus coagulans é relevante?
Devido à sua robustez e eficácia probiótica, B. coagulans é um excelente parceiro para a saúde intestinal, especialmente em pessoas com sistema digestivo sensível ou distúrbios intestinais crônicos. Ele complementa outras cepas probióticas ao permanecer viável mesmo em condições adversas.
Principais propriedades de Bacillus coagulans
• Favorece a restauração de um microbioma saudável
• Produz ácido láctico para regular o pH intestinal
• Apoia a digestão e a absorção de nutrientes
• Modula o sistema imunológico e reduz inflamações
• Alivia sintomas de síndrome do intestino irritável e outras queixas digestivas
• Sobrevive à passagem pelo estômago graças à formação de esporos
• Suporta altas temperaturas e acidez, facilitando o armazenamento
• Estabiliza a flora intestinal por meio da esporulação
• Promove a regulação imunológica
• Auxilia na redução de processos inflamatórios
• Aumenta a resistência a estresses ambientais
• Contribui para a integridade da barreira intestinal
Fontes:
- https://innercircle.drdavisinfinitehealth.com/probiotic_yogurt_recipes
- Foster, J. A., Rinaman, L., & Cryan, J. F. (2017). Stress & the gut-brain axis: Regulation by the microbiome. Neurobiology of Stress, 7, 124–136.
- Furness, J. B. (2012). The enteric nervous system and neurogastroenterology. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, 9(5), 286–294.
- Cryan, J. F., O’Riordan, K. J., Cowan, C. S. M., Sandhu, K. V., Bastiaanssen, T. F. S., Boehme, M., ... & Dinan, T. G. (2019). The microbiota-gut-brain axis. Physiological Reviews, 99(4), 1877–2013.
- Rezaie, A., Buresi, M., Lembo, A., Lin, H., McCallum, R., Rao, S., ... & Pimentel, M. (2020). Hydrogen and methane-based breath testing in gastrointestinal disorders: The North American Consensus. The American Journal of Gastroenterology, 115(5), 662–681.
- Rezaie, A., Buresi, M., Lembo, A., Lin, H. C., McCallum, R., Rao, S., ... & Pimentel, M. (2020). Hydrogen and methane-based breath testing in gastrointestinal disorders: The North American consensus. The American Journal of Gastroenterology, 115(5), 675–684. https://doi.org/10.14309/ajg.0000000000000544
- Konturek, P. C., Brzozowski, T., & Konturek, S. J. (2011). Stress and the gut: pathophysiology, clinical consequences, diagnostic approach and treatment options. Journal of Physiology and Pharmacology, 62(6), 591–599.
- Savino, F., Cordisco, L., Tarasco, V., Locatelli, E., Di Gioia, D., & Matteuzzi, D. (2010). Lactobacillus reuteri DSM 17938 in infantile colic: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Pediatrics, 126(3), e526–e533.
- Park, J. H., Lee, J. H., & Shin, S. C. (2018). Therapeutic effect of Lactobacillus gasseri on chronic colitis and gut microbiota. Journal of Microbiology and Biotechnology, 28(12), 1970–1979.
- Hun, L. (2009). Bacillus coagulans significantly improved abdominal pain and bloating in patients with IBS. Postgraduate Medicine, 121(2), 119–124.
- Kadooka, Y., Sato, M., Imaizumi, K. et al. (2010). Regulation of abdominal adiposity by probiotics (Lactobacillus gasseri SBT2055) in adults with obese tendencies in a randomized controlled trial. European Journal of Clinical Nutrition, 64(6), 636-643.
- Kleerebezem, M., & Vaughan, E. E. (2009). Probiotic and gut lactobacilli and bifidobacteria: molecular approaches to study diversity and activity. Annual Review of Microbiology, 63, 269–290.
- Park, S., Bae, J.-H., & Kim, J. (2013). Effects of Lactobacillus gasseri BNR17 on body weight and adipose tissue mass in diet-induced obese mice. Journal of Microbiology and Biotechnology, 23(3), 344-349.
- Kim, H. S., Lee, B. J., & Lee, J. S. (2015). Lactobacillus gasseri promotes intestinal barrier function in Caco-2 cells. Journal of Microbiology, 53(3), 169-176.
- Matsumoto, M., Inoue, R., Tsukahara, T. et al. (2008). Impact of intestinal microbiota on intestinal luminal metabolome. Scientific Reports, 8, 7800.
- Mayer, E. A., Tillisch, K., & Gupta, A. (2014). Gut/brain axis and the microbiota. The Journal of Clinical Investigation, 124(10), 4382–4390.
- Elshaghabee, F. M. F., Rokana, N., Gulhane, R. D., Sharma, C., & Panwar, H. (2017). Bacillus probiotics: Bacillus coagulans, a potential candidate for functional foods and pharmaceuticals. Frontiers in Microbiology, 8, 1490.
- Shah, N., Yadav, S., Singh, A., & Prajapati, J. B. (2019). Efficacy of Bacillus coagulans in improving gut health: A review. Journal of Applied Microbiology, 126(4), 1224-1233.
- Ghane, M., Azadbakht, M., & Salehi-Abargouei, A. (2020). The effects of Bacillus coagulans supplementation on digestive enzyme activities and gut microbiota: a systematic review. Probiotics and Antimicrobial Proteins, 12, 1252–1261.
- Majeed, M., Nagabhushanam, K., & Arshad, M. (2018). Immunomodulatory effects of Bacillus coagulans in health and disease. Microbial Pathogenesis, 118, 101-105.
- Khatri, S., Mishra, R., & Jain, S. (2019). Bacillus coagulans for the treatment of irritable bowel syndrome: a randomized controlled trial. Clinical and Experimental Gastroenterology, 12, 69–76.
- Buffington, S. A. et al. (2016). Microbial Reconstitution Reverses Maternal Diet–Induced Social and Synaptic Deficits in Offspring. Cell, 165(7), 1762–1775.
- Cutting, S. M. (2011). Bacillus probiotics. Food Microbiology, 28(2), 214–220.
- Elshaghabee, F. M. F. et al. (2017). Bacillus As Potential Probiotics: Status, Concerns, and Future Perspectives. Frontiers in Microbiology, 8, 1490.
- Ghelardi, E. et al. (2015). Impact of Bacillus clausii Spores on the Composition and Metabolic Profile of the Gut Microbiota. Frontiers in Microbiology, 6, 1390.
- Hong, H. A. et al. (2005). The use of bacterial spore formers as probiotics. FEMS Microbiology Reviews, 29(4), 813–835.
- Mazanko, M. S. et al. (2018). Probiotic properties of Bacillusbacteria. Veterinaria i Kormlenie, (4), 30–35.
- O'Mahony, S. M. et al. (2015). The microbiome and childhood diseases: focus on brain-gut axis. Birth Defects Research Part C, 105(4), 296–313.
- Setlow, P. (2014). Germination of spores of Bacillus species: what we know and do not know. Journal of Bacteriology, 196(7), 1297–1305.
- Buffington SA et al. (2016): Microbial Reconstitution Reverses Maternal Diet-Induced Social and Synaptic Deficits in Offspring. Cell165(7): 1762–1775.
- O’Mahony SM et al. (2015): The microbiome and childhood diseases: focus on brain–gut axis. Birth Defects Research Part C 105(4): 296–313.
- Elshaghabee FMF, Rokana N, Gulhane RD, Sharma C, Panwar H. Bacillus probiotics: An overview. Front Microbiol. 2017;8:1490. doi:10.3389/fmicb.2017.01490
- Mazanko MS, Morozov IV, Klimenko NS, Babenko VA. Immunomodulatory effects of Bacillus coagulans spores in the intestine. Microbiology. 2018;87(3):336–343. doi:10.1134/S0026261718030148
0件のコメント